segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Presente, pra mim?

Cecéu é levado, não desperdiça travessuras, mas ainda não sabe mentir que nem gente grande.

Viu as unhas vermelhonas da madrinha e para o constrangimento geral arrematou:

- Nossa madrinha, que unha horrível!

Exibiu sorriso de covinhas malandras e convidou a recém ofendida para jogar bola.

Adora ganhar presentes, tadinho, mal sabe que o verdadeiro presente é ele...

♥♥♥
Making-Off

Cecéu é meu presente, ganhei-o de uma amiga incauta, que me convidou a ser madrinha do danadinho que habitou sua barriga.
Entre outras peripécias ele gosta de beijar selinho, brincar na água, ouvir conversa de adulto, e usar tatuagens de chiclete.

Em tempo: Madrinha é cargo vitalício.

Cazóio

Tinho era cazóio, ou birolho, como queira

Operou a vista mas tinha alma cazóia.

Enquanto consertava o portão, sua vista enviezada percorria as pernas da morena que passava fazendo pirraça

♥♥♥
Making - Off

Cazoio ou birolho no dialeto local significa: vesgo, olhos tortos, ESTRÁBICO

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Ectoplasma tatuado

Suas motos antigas foram lavadas para o ano novo, quer andem ou não.

As tatoos eram sua roupa de gala e o jeitão de dançar, esquisitamente divertido.

Um homem da lei, não surpreenderia se o intimado o convidasse para uma cerveja.

Mestre em sinuca, às vezes deixava-se vencer só para não me estragar a noitada.

Um amigo sonhou com ele, invejei. Comigo fotos e lembranças

Se viesse puxar o meu pé, seria uma honra.

A saudade é implacável, encardida que não sai nem com gasolina.

Filho da mãe!

♥♥♥
Making-Off

Outro dia alguém brincou: O Oc. nunca vai "descer" em Mesa Branca pra ele tem de ser Mesa Verde.
Sua partida motivou tatuagens em amigos, sobrinhos e no próprio tatuador.

Em tempo: O sobrinho que tem o apelido do tio no peito, lavou a coleção de motos - Ambas homenagens muito apropriadas.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Belinha

Aos olhos de seu bem, a mais bela entre as Belinhas.

Debochada e carismática, gostava de cinema e era fã do Mazzaropi.

Fabricava guloseimas impagáveis e tinha pavio curto

Ouvia tango do Carlos Gardel ou qualquer tango.

Já avó de uns marmanjos atendia o telefone no aniversário.

- a Sra. está boa?

- Boa? Boa mesmo eu já fui ! E estourava em uma gargalhada.

♥♥♥

Making -Off

Belinha vinha de trem da fazenda para a capital sempre acompanhada de uma das irmãs.
Escrevia cartas ao noivo... mas antes de receber a resposta já mandava outra xingando pela demora.
Tinha um jeitão de Pin-up caipira, e amou como se amava antigamente.

Mordam os cotovelos: Tenho as referidas cartas em meu poder.

Meio século de rebeldia

Dona Danva passou dos 50 anos.

Acredita ter 18, usa roupas de quem tem 20,
pensa igual quem tem 16.

Gosta de música alta, salto alto e homem alto. Tudo alto.

Se cigarro com filtro desse em árvore fumaria o dobro, ou perderia a graça?

Tem personalidade de terremoto e dorme maquiada, para o caso bater as botas dormindo, não fazer feio perante o Criador.

Aproveitará o encontro para bradar nos divinos ouvidos umas verdades profanas e um rosário de palavrões.


Que se anjo não tem costas há de ter orelhas.

Nunca vai envelhecer, apenas enloirecer.

♥♥♥

Making-Off

Dona Danva é uma espécie filha intelectual, emocional, continuação ou seja lá o que for da Tia Ilma - aquela com um peito só da postagem de 02/01/2009 "Uma Mulher de Peito"

Em tempo: Danva tem 2 peitos e reclamas deles.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Mulher de Peito

Tirou um peito para escapar do cancer

Voltou com uma almofadinha no Sutiã, almofadinha porque ficava mais no sofá que no sutiã.

Fez fisioterapia lavando roupa, e terapia ocupacional indo ao baile.

Casou com quem não fazia conta de quantos peitos ela tinha.

Despediu-se da vida velhinha, depois de uma boa cerveja e uma bela noitada.

♥♥♥
Making-Off

Desbocada e irreverente, mulher de peito, um peito só, mas de peito.
Tia Ilma gostava de baile, cerveja e falar palavrão.

Auto Mecânica Fanini

Sr. Fanini era mecânico, dono de uma oficina bem cotada na Mooca.

Seu fiel escudeiro e aprendiz era o Elsão (um gigante que ele escapuliu de algum livro de ficção científica)

Os dois tomavam café que nem loucos, e trabalhavam como mais doidos ainda.

Religiosamente, baixava as portas as 18:00 - portas enormes, azuis e barulhentas.

O jantar era concorrido na casa do Sr. Fanini, para divertir os netos, o mecânico penteava os cabelos grisalhos para frente e colocava galhos de arruda atrás das orelhas.

Proclamava-se o Imperador de Roma - Quem
não comer tudo vai ganhar sorvete!

♥♥♥
Making - Off

Além da performance de Imperador, era praxe comer amendoim
e jogar a tigelinha vazia no tapete.
Costumava viajar de carro sempre pelo caminho mais longo e parava para tomar café.


Luiza do Saco

A anciã esmolava pelas ruas do lugarejo, seus pertences cabiam em um saco encardido, o que lhe valeu o apelido. 
O jeito de bruxa de filme e a saia farrapenta de contra o vento metiam medo na molecada.
 Seu abrigo era a rodoviária, antiga estação de trem dos tempos áureos do café,  lá barganhava uma pinga no bar e gastava suas horas observando o eterno ir e vir de passageiros.  
Diz que em um ano novo, dona Luiza remoçou, comprou uma passagem e foi embora para São Tomé das Letras.