Diz que em noite sem lua, tem luz
de mansinho alumiando no meio do cafezal, desliza amaldiçoada procissão de
gente sem cara, e velas à mão, rezando Pai Nosso do avesso, condenadas à escolta de caixão que avôa 7
parmos do chão sem cair nem bambear.
Hordas de colonos a largar mão da
lida por conta da maldição.
Personalidade rústica e cara vincada,
sendo capataz, briguento e impetuoso, fazia ronda no cafezal montado em belo
alazão Malhado... só que não... vou “amuntar” o peão em bela moto inglesinha que
sinhozinho, menino coxinha, raptou de Londres, caiu, ralou-se, desgostou e
pronto.
Na duvidança da crendice do povo,
o valentão guardou tocaia.
À visão da tal de luz, acelerou em trovoada de óleo
queimado e fumaça branca, sacou a garrucha: Se for coisa Santa, que Deus que me
perdoe, se for do Diabo, que Deus me proteja, porque vou passar é fogo....
Foi tiro e debanda geral, poeirão
e assombração catando cavaco pelas 3 fazendas da redondeza, ancorado em terra
vermelha ficou o caixão que avoava, desconfiança ... no bico da bota abriu a
tampa, jaz sagrados grãos de café tipo exportação.
Making-off
Diz que por “indulgência” da
sinhazinha, ele conseguiu a posse da Fumacenta, e pegou dengo, na
moto, não na sinhá.
Reza a lenda que o capataz morreu
muito velho e turrão, na ocasião em que rebentou a inglesinha na ribanceira.
Não
se sabe se caiu porque morreu ou morreu porque caiu, diz que em noite
fechada, há quem veja fumaça branca nos cafundós da fazenda virada em hotel chique.