terça-feira, 28 de março de 2017

KILLometros II - versão para quem não tem preguiça de ler


Nos idos de 2014, seduzida pela idéia de vagar nas pradarias do  Wyoming feito um siox desgovernado topei encarar os 1000 e poquinhos kilometros até Dourados - MS, depois mais um tantico de estrada até Pontaporã , e depois só atravessar a avenida para adentrar ao território paraguaio na fronteiriça Juan Pedro Caballero.
Bagagem ecomômica , justamente distribuída em 2 kg para cada alforge.
Antes do amanhecer , eu meu cangaceiro, o cangaceiro da minha amiga e mais um amigo
 nos desvencilhamos da cidade  e acessamos a rodovia  Castelo Branco sentido até acabar.
Já na Raposo Tavares, um congestionamento chato de transpor, reformas e estreitamentos na pista combinados a um calor de fritar os miolos completaram o kit desgraça do almoço.
Vencido o contratempo, paramos num posto, onde nos deparamos com a ambulância do resgate.

Bem que eu estava na precisão, mas eu não chamei ...  um rapaz acabava de cair do telhado em obras.
Arre que a bruxa passou a vassoura, valei-me Nossa Srª da Graxa. O moço foi socorrido e nós seguimos viagem .
A ponte do Rio Paraná, uma imensidão de água até onde o sentido alcança- bonito demais.
Abastece, toma café, roda nas pradarias, abastece, toma café , roda nas pradarias ...  por Nova Andradina  o caminho encanta e faz valer a pena a kilometragem.
Apagada a luz do dia e anda-e-para até parar de vez, a 120 km  do destino,  topamos com um acidente daqueles bem retorcidos.
Malestar geral...  depois de uma eternidade o fluxo segue.
Encardida, quebrada, e passada pelo moedor de carne, vista cansada, a estrada um breu da peida, quem mandou querer ser malvada.... chupa que é de uva, senta que é de menta e rebola que é de cola, pronto falei.
Tive um xilique de dondoca, dentro do meu capacete, quando a placa escrito "Dourados " apontava para um lado e meu capitão nos puxou para o outro, mas a partir deste ponto, rapidamente chegamos à sitioca da minha querida cunhada, Zezé, eu te amo!
 Tudo que eu queria era chegar, chegar , chegar ...  foi orgasmico por a moto no descanso e lavar a minha cara suja e cansada.
A recepção foi tudo de bom com churrasco e festa. (tá bom,  não como carne, mas tinha salada).
Vou contar que eu estava com birra da moto, bode mesmo, nunca mais queria por a bunda naquele banco ...coitada da carburada. Bom mesmo era escorar minha carcacinha em algo que não tem meios para se locomover.
Ainda assim,  seguimos, de moto,  da sitioca para a casa na cidade onde uma cama boa nos esperava, a recepção foi digamos ... surpreendente: Umas sirigaitas douradas,  abusadas, ao avistarem MEU cangaceiro começaram a pular na porta do boteco feito umas cabritas - Ow ow owwww  para aqui .
Hein? Rodei mais de 1000 km ouvir essa, me economize perua  .... para aqui teu tobinha ... bando de malacabadas, projeto falido de garupeira, voodu das pradarias... desinfeta piranha, tira o zóio maria garupa, mangalô três vezes...
Na manhã seguinte , passada a birra,(da carburada, não das douradas), engatei primeira e seguimos pela BR-463 sentido Ponta Porã.

Setembro, vai ter os repetimentos.... tem coragem?
Aviso aos marmanjos que o roteiro de 2017 não inclui o boteco das sirigaitas.

Faltou contar os perrengues da volta: lobo na pista de madruada, marvado que arregou e dormiu na varandinha do posto, gente trocando escapes rabo-de-peixe por salompas...


segunda-feira, 27 de março de 2017

COMO SALVAR UM DOMINGO

Diz que Domingo é dia de louvor,  o caso é que se trata de dia meio sem jeito, na antecedência da o/tediosa segunda-feira, ar fúnebre, enterro do fim de semana.

Para salvar esse dia, necessitou dormir menos, tomar mais café, teve os precisamentos de uns cabra descendo de caçamba de picape, feito figurante de filme de gangue mexicana, teve de  virar torneirinha de carburador, pedalar quicks sem miséria, improvisar carga em bateria preguicenta, uma pega outra morre conforme a combinação.
Para salvar, teve de formar o tradicional  "Trem Ostentação", empurrar Chopper birrenta que esperneou e quis carona, providenciar a santa gasolina nossa de cada dia...
Precisou também de sol amigo reluzente nas motocas, de lanche no capricho, de bebida de vikings ou botequentas, chope de Tuk-Tuk, e água gelada.

Para salvar, salvar mesmo o domingo, precisou das velharias barulhentas, motos clássicas  e traquitanas orgulhosas, de mancha de óleo e ferrugem, e mais e mais amigos, encardidagem geral, abraços sem frescuragem, felicidade estampada em couro e cromados, de causos de viagens, de lembrar asfalto passado e combinança do asfalto no por vir.

Precisou também de futuros pilotos, de criançada danada, de tatuagem de chiclete, e fiéis escudeiros caninos, de malvadões e malvadinhas, Cangaceiros e Lobos e tantas outras cores. Teve precisão de uns marvados firme nos organizamentos e na função, e sai pra lá tentação!

Para o salvamento, careceu de live Rock&Roll, da leal banda, que tardou mas não falhou, e de garotas e cabelos e cores, de um pouco de batom e tatoos, precisou da noite chegar de fininho, do batidão da traquitana no caminho de volta,  e não ligar a televisão. 

Making-off
6º Evento de Springers e Motos Clássicas de Santo André, emplacou em mais um domingo salvo.

Agradecimentos a todos que participaram e de quebra ajudaram no salvamento...